Habitação jovem em Portugal
Lázaro Moreira tem 28 anos e faz parte de um conjunto de milhares de portugueses que não conseguem sair da casa dos pais. Desempregado, depois de ter terminado o seu contrato de seis anos no Exército, o jovem mantém a ambição de ir viver sozinho, mas considera que ainda não tem o rendimento nem condições suficientes para o fazer.
“Neste momento vivo com os meus pais por necessidade. Por escolha já teria saído de casa há algum tempo, infelizmente não tenho essa capacidade financeira”, referiu.
Durante o seu serviço militar no Porto, Lázaro recebia 691 euros por mês. Um ganho que se revelou insuficiente para ter uma vida confortável e para adquirir autonomia residencial. O facto de os jovens saírem de casa tão tarde é por isso, um dado que não o surpreende tendo em conta os baixos salários e o contexto atual.
“Sinceramente, eu acho que vai ser uma tendência cada vez mais alarmante.”
Mesmo sem capacidade financeira para comprar ou arrendar, Lázaro decidiu procurar imóveis em cidades com boas vias de comunicação com o Porto, entre elas Ermesinde, Alfena e Valongo. No fim, concluiu que até nos arredores, ter uma casa pode ser uma verdadeira missão impossível, uma vez que os preços são incompatíveis com o nível de vida dos portugueses.
Lázaro Moreira
“A bolha começou no Porto e agora está se a alastrar por todas as cidades e concelhos circundantes.”
Lázaro Moreira
Perante este cenário, marcado pela dificuldade de acesso à habitação, sair de casa dos pais deixou de ser um marco de transição para a vida adulta. Afinal, o que significa ser adulto atualmente?
“Ser adulto eu acho que cada vez mais perdeu o sentido.”
Lázaro Moreira
Sair de casa dos pais é uma das metas que Lázaro procura atingir até ao final deste ano. Para isso, escolheu emigrar para a Noruega, um país capaz de lhe oferecer o que Portugal não conseguiu: estabilidade.
O jovem e a companheira partem em dezembro com a certeza de não regressar.